Roteirista do interior de SP escreve biografia em quadrinhos sobre a trajetória do Padre Júlio Lancellotti: 'Uma vida em defesa dos mais frágeis'
29/10/2024
O roteirista, que é de Paraibuna, cidade no interior de SP, afirmou que conviveu bastante com o padre para a construção dessa narrativa e que foi uma experiência transformadora, em que desconstruiu preconceitos e aprendeu a ser mais solidário com o próximo. Roteirista do interior de SP escreve biografia em quadrinhos sobre a trajetória do Padre Júlio Lancellotti: 'Uma vida em defesa dos mais frágeis'
Reprodução
Após lançar uma obra em parceria com o padre Júlio Lancellotti falando sobre o preconceito contra as pessoas pobres e relatando vivências com a população de rua, o roteirista Rogério Faria, de Paraibuna, cidade no interior de São Paulo, desenvolveu uma biografia em quadrinhos sobre a trajetória de vida do padre Júlio, que conta desde sua infância até a vida voltada à defesa e aos cuidados de pessoas necessitadas.
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No ano passado, o roteirista acompanhou o padre Júlio Lancellotti em suas rodas de conversa com pessoas em situação de rua e escreveu sobre esses momentos e relatos que deram origem ao quadrinho “Pobrefobia - Vivências das ruas com padre Júlio Lancellotti”, que foi lançado ainda em 2023.
A partir dessa experiência, Rogério decidiu desenvolver uma biografia em quadrinhos sobre a vida do padre.
“Me veio essa ideia de fazer uma biografia sobre o Padre Júlio, porque ele tem tudo a ver com essa visão de um mundo mais solidário, com uma visão de um mundo mais voltado às pessoas, né? Eu já estava acompanhando ele durante o ano de 2023 inteiro. Então, passei 2023 e 2024 pensando nessa biografia, fazendo pesquisas, vendo os livros que ele participa, entrevistas que ele deu. Fui fazendo essa pesquisa em arquivos de jornais desde a década de 90 e fui construindo esse projeto na minha cabeça, aproveitando esses encontros que eu tinha ali com o Padre Júlio para conhecer um pouco mais do ser humano que ele é”, contou.
Rogério Faria e Padre Júlio Lancellotti.
Arquivo pessoal/Rogério Faria
De acordo com Rogério, o objetivo do livro é desmistificar a imagem do padre de pessoa sobre-humana e santificada para alguém humano, desconstruir preconceitos da sociedade, além de retratar a importância e a humanidade do trabalho social que o padre desenvolve.
“Eu acho que esse quadrinho pode impactar a percepção das pessoas sobre essas questões sociais e religiosas a partir desse conhecimento um pouco maior sobre quem é a figura do Padre Júlio, porque a gente estando afastado, a gente começa a vê-lo como uma figura santificada, uma figura muito forte, como uma rocha ali atuando em São Paulo, mesmo diante de todas essas dificuldades e ataques que ele sofre, mas desse convívio que eu tive com ele e o que eu quis trazer para o quadrinho é que o Padre Júlio é um ser humano, tudo que ele faz não é porque ele é uma figura especial, uma figura sobre-humana, tudo que ele faz é porque ele é um ser humano”, afirmou.
“Ele enfrenta todas essas dificuldades que a gente enfrenta, ele tem cansaço como a gente tem, ele tem frustrações como a gente tem e, apesar de tudo isso, apesar desse ser humano que ele é, ele consegue se dedicar, ele consegue amar, ele consegue estender a mão a quem está precisando, de uma forma que pra gente parece uma coisa sobre-humana, mas é uma atitude muito humana dele, né?”, completou.
Ainda segundo o roteirista, ele se emocionou e se sentiu transformado ao realizar esse projeto, ao ter contato com situações marcantes da história do padre, que acabaram moldando a própria visão de mundo dele.
“Na história do Padre Júlio houve diversos momentos que foram profundamente tocantes e até por isso que eu decidi escrever essa biografia sobre ele, porque é um personagem como Marighella, como Paulo Freire, que são personagens que fazem a gente refletir sobre a nossa própria visão de mundo e são pessoas que trazem jornadas que também nos emocionam. O Padre Júlio tem muitos episódios na vida dele que são emocionantes, que inspiram a gente, que tocam a gente profundamente”, afirmou.
“Momentos assim que eu posso destacar é quando ele coloca, por exemplo, a própria vida dele em risco para defender essas pessoas mais frágeis, seja enfrentando rebeliões, seja ele defendendo a população de rua em São Paulo, seja ele participando de manifestações, de protestos”, relatou.
O coordenador da Pastoral dos Moradores de Rua de São Paulo, padre Júlio Lancellotti.
Victor Angelo Caldini/Divulgação/Instagram
Rogério diz que aprendeu muito nessa jornada ao lado do padre, absorvendo lições valiosas sobre a humildade e tato com o próximo. Ele espera conseguir transmitir tudo isso no livro, transformando essas vivências em palavras que toquem o coração dos leitores e mostrando que todos merecem ser tratados com dignidade, não importa quem seja.
“Uma coisa que eu aprendi com o Padre Júlio é que não existe essa de merece ou não merece, né, as pessoas precisam de ajuda, as pessoas mais vulneráveis precisam de ajuda e a gente podendo ajudar, acho que a gente tem que se colocar no dever de ajudar, independentemente de como a gente possa julgar aquela pessoa, possa entender aquela pessoa. Independentemente dessas contradições que cada ser humano carrega e que é inerente da gente, toda pessoa merece ser tratada com dignidade”, avaliou.
Durante a pandemia, Padre Júlio Lancellotti quebrou pedras colocadas em viaduto.
Vivian Reis/G1
Composta por quatro capítulos de 20 páginas cada, a obra 'Júlio Lancellotti #Acolhe' já está em campanha de pré-venda no Catarse, com preços a partir de R$45.
O projeto também contou com a participação dos artistas Lila Cruz, Danilo Dias, Pedro Balduino, Filzer e Laudo.
“Eu espero, no geral, que esse quadrinho tenha uma recepção bastante calorosa, porque o Padre Júlio é uma figura muito querida no país, muito querida pelas pessoas que o conhecem, muito querida pelas pessoas que acompanham o trabalho dele”, disse o roteirista.
Roteirista do interior de SP escreve biografia em quadrinhos sobre o Padre Júlio Lancellotti
Divulgação
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